Nostalgia, lucro, vingança: esses são apenas alguns dos fatores que fizeram soldados americanos saquear propriedades civis alemãs nos meses finais da Segunda Guerra Mundial.
Uma nova pesquisa, publicada no periódico War in History (Guerra na História), Seth Givens, da Universidade de Ohio, estudou memórias e relatos criados por soldados americanos, e categorizou quatro principais motivos argumentados pelos militares para justificar o roubo de pertences sociais pessoais. Em primeiro lugar, concluiu Givens, a necessidade muitas vezes levou os soldados a saquear equipamentos que não tinham sido concedidos a eles, como roupas ou binóculos. Outros itens foram levados para casa como souvenirs, enquanto os indivíduos mais empreendedores perceberam que poderiam ganhar dinheiro vendendo bens para outros soldados atrás da linha de frente.
Finalmente, um desejo de punir os alemães pelo comportamento coletivo de sua nação ( por exemplo, por arrancar os soldados aliados de suas vidas antes da guerra ) levou a casos chamados de "saque por vingança".
O estudo também analisa as consequências políticas dos saques. Embora nenhum inquérito tenha sido realizado para avaliar a escala exata dos saques, Dwight D Eisenhower ( então comandante supremo da Força Expedicionária Aliada ) temia que o comportamento ruim dos soldados pudesse dificultar a reconstrução da Alemanha pós-guerra.
"Saques em território inimigo poderiam ter dado ao povo alemão algo para se mobilizar, complicando a democratização da Alemanha nazista e, enfim, desmoralizando a ocupação antes mesmo de ela começar. Durante séculos, os soldados eram pagos com qualquer saque que conseguiam carregar. A Segunda Guerra Mundial acabou com isso por várias razões, nenhuma mais importantes do que os esforços das nações para governar os aspectos políticos da guerra", ressalta Givens.
De acordo com os especialista, esses esforços não foram completamente bem-sucedidos em 1945. Embora os comandantes de Eisenhower tenham dado ordens para que saques não fossem tolerados, ignoram o fato de que os oficiais que deveriam fazer essas ordens serem cumpridas eram tão propensos a se envolver em saques como os soldados sob seu controle.
Gary Sheffield, professor de estudos de guerra na Universidade de Wolverhampton, no Reino Unido, é assertivo. "Eu acho o argumento neste artigo muito acreditável. Saques há muito tempo faziam parte das guerras, e há muitas evidências de que soldados do 2° exército britânico estavam se comportando da mesma forma que seus colegas norte-americanos, á medida que avançavam pela Alemanha em 1945. No entanto, ás vezes, soldados eram acusados de saques que tinham sido realizados por civis", finaliza.