quarta-feira, 20 de julho de 2016

A inflação,um fantasma que assombra a economia desde a Roma de Diocleciano



No século 3, o Império Romano estava em apuros. Guerras civis irromperam entre generais que lutavam pelo poder. Províncias declaravam independência e ajudaram a reduzir o volume de impostos pagos, enquanto fontes de metais preciosos entravam em declínio. Na esperança de aumentar as receitas do Estado, Roma começou a depreciar a sua moeda  com uma drástica redução no teor de prata durante a cunhagem notadamente no ano de 268. A inflação estava fora de controle. Um empresário escreveu ao seu administrador de escravos: "Corra! gaste todo o meu dinheiro; compre-me qualquer preço que conseguir".

Quando Diocleciano (imperador romano entre os anos de 284 a 305) chegou ao poder, decidiu que era hora de dar um basta. E a maneira que encontrou foi abandonar a política de laissez faire, que permitia aos governadores provinciais administrarem suas regiões como bem entendessem. Em vez disso, resolveu assumir o controle através de éditos imperiais centralizados.

Para evitar uma revolta provincial, ele quase dobrou o número de soldados e, para pagar por isso, reestruturou completamente  o sistema fiscal provincial. A fim de coletar mais impostos, aumentou a burocracia estatal ("mais funcionários que contribuintes", segundo uma fonte hostil á política econômica do imperador). Para corrigir a inflação e estabilizar a moeda, decidiu revalorizar a cunhagem.

O custo de tudo isso foi enorme (e não levou a nada). Os preços subiram, e quanto mais aumentavam, mais as pessoas acumulavam, mais rápido os preços aumentavam.

A resposta de Diocleciano para a crise foi a introdução de seu famoso édito Máximo. Colocando a culpa da inflação na "paixão desenfreada pelo lucro" dos empresários (quando a inflação produzida pelo império era a verdadeira culpada) ele impôs preços máximos em tudo. Cereais (incluindo tremoços), vinho, azeite, carne (porco, pavão, pardal, arganaz, rola-comum), vegetais, escargots e ovos, peles (boi, ovelha e hiena), couro e animais (incluindo leões!) foram todos sujeitos ao novo teto de preço.

E os salários também Trabalhadores de todos os tipos (do assalariado comum e do barbeiro ao coletor de esgoto e ao advogado profissional) descobriram, de repente, que havia um novo limite para o que poderiam ganhar. E para incentivar um público relutante a se sujeitar, Diocleciano decretou que qualquer um que desobedecesse ao édito seria condenado á morte.

No entanto, nem mesmo a ameaça de execução poderia salvar do Édito Máximo do fracasso total. Os comerciantes se uniram e pararam de produzir mercadorias, vendiam os seus produtos de forma ilegal ou faziam trocas. A população em geral se juntou, e todo o sistema rapidamente se desvaneceu na história.