Isso não quer dizer que não existiam leis contra o assassinato na vida civil, mas era um crime mal definido e, no mundo romano, a legítima defesa sempre permitia o perdão da pena. Não havia dificuldades em, por exemplo, articular uma briga de rua para assegurar o fim desejado. No campo de batalha, 50 mil foram trucidados pelo exército de Aníbal em um dia, na batalha de Canas em 216 a.C.
Para os historiadores de qualquer época e lugar, tais ocorrências eram totalmente corriqueiras. Elas foram e sempre acabam sendo um alternativa. Porém, isso cria um problema: por que será que, na maior parte do ocidente nos últimos cem anos (um mero ponto na história da humanidade) tal atitude cavalheiresca em relação á vida tornou-se tão completamente inaceitável ?
Em particular, por que será que a pena capital é agora uma maldição ? Afinal de contas, a execução de criminosos foi desenvolvida para servir a algum honroso propósito civil ( retribuição, proteção comum ou, como argumentava o antigo grego Pitágoras, desencorajamento). O que mudou em um período notavelmente tão curto de tempo que, por exemplo, ser membro da União Europeia dependa da abolição da prática ?
Eu me encontro ainda tentando estabelecer exatamente o que foi essa mudança ( e por que, á luz da história, teve um efeito dramático tão rápido).